O céu azul de Lisboa


O amor é esta pedra que corta e faz sangrar. As minhas feridas ardem, a carne infetará e gangrenará. Estou aqui esgotado, vazio e sem sentimentos, acabado de fugir da cidade. A raiva e a dor inquietam-me. Lacero o silêncio com um grito de sofrimento, um urro semelhante ao dos loucos que se enfurecem contra tudo e nada e choram nos seus quartos apenas com uma cama a um canto.
O meu S, pelo qual derramo amargas lágrimas e soluço tão fortemente que estremeço de cima a baixo, até às pernas, estava aqui perto, numa Lisboa sonolenta, de céu azul, tão caro a Pessoa.
Mas o céu já não é azul, é acinzentado, amarelado, salgado como as águas do Tejo.
Andávamos pelas ruas estreitinhas encantadoras da Graça.
Lembras-te? O miúdo gorducho que vem na nossa direção e mostrando o seu atrevimento, insulta com vulgaridade outros pequenos patifes: “Caras de parvos.”
Tu ris com o mesmo descaramento do gorduchito. Olho-te com carinho, com alegria no coração, em silêncio, à parte. És criança novamente e eu levo-te pela mão, como um pai que acompanha o seu filho.
Não conheces esse amor, não sabes que gosto tem. Se soubesse, estarias sempre assim calmo e feliz.
Apanhamos a linha vermelha do Metro de Lisboa e descemos perto da Estação do Oriente.
O céu é ainda mais azul, insustentável. Lembro-me da canção de Rino Gaetano de que tanto gostavas. Empurramo-nos, passamos por baixo da ponte opalescente do Vasco da Gama. Olhamos maravilhados as pegadas, contrastantes ao máximo quando passam mesmo por cima de nós. E num segundo vejo-te por cima de mim. Mostras-me os pés, as mãos, toda a forma do teu corpo divertido, risonho.
Descansamos sentados mesmo ali no largo da estação. Fotografamos, ao nível da rua, das esculturas em forma de vaca, amarelíssimas, direi quase um perfeito #FFFF00 das cores RGB. A vertigem manifesta-se, sinto que te amo intensamente, unindo-me a ti.
Levo-te às fontes da exposição mundial. Tu, cheio de calor, sem te conteres, descalças as sandálias, as meias e molhas os pés para encontrar um pouco de fresco. És atraído pela forma esférica de uma lua gigante. Andas, corres, conduzes-me para cima e para baixo pelos corredores.
Acho que te sigo até ao Tejo, onde está em desequilíbrio a gigantesca caravela na qual se encontram gravados na pedra os navegadores, os descobridores de um mundo novo. Sinto-me orgulhoso e propenso ao ocidente. Tu ao meu lado. Não tenho medo, sinto que posso estar perto de ti, porque és tu próprio o meu ocidente, a minha razão de viver. Sou Colombo que procura e volve o olhar para o infinito. Sou como o Cristo Rei que nos observa placidamente, incansável, com aqueles braços abertos.
Subimos, apoiamo-nos com força contra a pedra, saboreamos a sombra fresca dos seus braços e deixamo-nos encantar pela Lisboa que amo. Com o mesmo amor por ti. Prendemos a respiração, beijamo-nos apaixonadamente, com o vento que nos acaricia, com o crepúsculo que avança agora. Não descemos da torre, permanecemos parados, tomados pelo fervor e ardor do desejo.
Da Praça Marquês de Pombal, por fim, levo-te até cima, a outro miradouro, como se já não bastassem aquelas vistas sobre a cidade. Arrasto-te, agora, com fome, queixoso, cansado com os pés a doerem-te. Mas prometo-te um passeio ao El Corte Inglés, na rua, mais acima e ganhas coragem.
És uma criança que brinca, desfila entre as prateleiras. Deixo-te ir, a toda a velocidade, até que, exausto cais nos meus braços. E voltamos para fazer amor no Fénix, logo à saída da estação de metro.
Dois dias em Lisboa, antes de ir ainda mais para este. São Miguel e Terceira. A Sata conduzir-nos-á sobre o Atlântico, entre o céu e o mar. Tu és o meu atlântico, pensando na publicidade da companhia aérea. Tu, só tu, no lugar ao meu lado. Perder-nos-emos pelas ruelas e calçadas de paralelepípedos da Praia da Vitória.
Eis, a felicidade.
Eis, a dor, agora. Nesta Lisboa silenciosa, neste recanto entre os telhados do Bairro Alto. Não me mexo. Sou incapaz. Sinto dor nas cartilagens, flui ao longo dos nervos e queima-me o tálamo. Incendeia os meus sentimentos. Não sei o que fazer. Não há sequer espaço para saltar para a estrada, arriscando-me a ser trucidado pelo elétrico de madeira. Estou imóvel, de joelhos, com as mãos no rosto, com o coração enlouquecido. Sinto-me, em pose, como Isabel, lá em baixo na baía, imóvel a sua respiração, de joelhos, esperando o retorno do seu amado.
E corro.
Não sei de ti, desapareceste, o atlântico mete medo. Adormeço muito perto do mar, entre a areia e as rochas afiadas, com as ondas gigantes, na esperança que me levem.
No entanto, Lisboa não responde, não faz nada, não me devolve nada.
E as memórias são dolorosas, como esta pedra que corta e faz sangrar o coração. (obrigado Jolita)

L’amore è questa roccia che graffia e fa sanguinare. Le mie ferite bruciano, la carne si infetterà e si incancrenirà. Sono qui spossato, vuoto e senza sentimenti, appena scappato dalla città. La rabbia e il dolore mi inquietano. Lacero il silenzio con un grido di sofferenza, un urlo simile a quello dei pazzi che si arrabbiano contro il nulla e piangono nelle loro camerette con il solo letto messo in un angolo.
Il mio S, per il quale verso lacrime amare e provo singulti così forti da tremare tutto fino alle gambe, era qui vicino, in una Lisbona sonnolenta, dal cielo azzurro, tanto caro a Pessoa.
Ma il cielo non è più azzurro, è grigiastro, giallognolo, salmastro come le acque del Tago.
Camminavamo per i vicoli accecanti di Graca.
Ricordi? Il bimbo ciccione ci viene incontro e, mostrando la sua spavalderia, insulta con sguaiatezza altri piccoli teppistelli: “Faccia di pesce”.
Tu ridi con la stessa scompostezza del barilotto. Ti guardo con amorevole cura, con la gioia nel cuore, in silenzio, in disparte. Ritorni bambino e io ti prendo per mano, come il padre che accompagna il proprio figlio.
Non conosci quell’amore, non sai che sapore ha. Se lo sapessi, saresti sempre così sereno e felice.
Prendiamo la linea rossa della Metro di Lisbona e scendiamo in prossimità della Stazione d’Oriente.
Il cielo è ancor più blu, insostenibile. Ricordo la canzone di Rino Gaetano che ti piaceva tanto. Ci strattoniamo, passiamo sotto la passerella opalescente del Vasco da Gama. Guardiamo meravigliati le orme, contrastate al massimo proprio quando ci camminano sopra la testa. E in un attimo ti ritrovi sopra di me. Mi mostri i piedi, le mani, l’intera forma del tuo corpo divertito, ridanciano.
Ci sbrachiamo lì nel piazzale della stazione. Fotografiamo, a livello della strada, delle sculture a forma di vacca, giallissime, direi quasi un perfetto #FFFF00 dei colori RGB. La vertigine sale, sento ti amarti intensamente, legandomi a te.
Ti porto nelle fontane dell’esposizione mondiale. Tu, accaldato, senza ritegno, ti togli i sandali, le calze, e ci infili i piedi per trovare una po’ di fresco. Sei attratto dalla forma sferica di una gigantesca luna. Cammini, corri, mi porti su e giù per i padiglioni.
Penso di seguirti fino al Tago, dove sta in bilico la caravella gigantesca su cui sono pietrificati i navigatori, gli scopritori di un nuovo mondo. Sono fiero e proteso verso l’occidente. Tu accanto a me. Non ho paura, sento che potrò starti vicino perché sei tu stesso il mio occidente, la mia ragione di vita. Sono il Colombo che scruta e volge lo sguardo verso l’infinito. Sono come il Cristo Rei che ci osserva placidamente, instancabile, con quelle braccia aperte.
Saliamo su, ci appoggiamo stretti contro la pietra, assaporiamo la fresca ombra delle sue braccia e ci lasciamo incantare dalla Lisbona che amo. Con lo stesso amore per te. Tratteniamo il respiro, ci baciamo sentitamente, col vento che ci accarezza, con il crepuscolo che ormai avanza. Non scendiamo più dalla torre, rimaniamo fermi, impossessati dal fervore e dalla foga del desiderio.
Dalla Piazza Pombal, infine, ti porto su, in un altro belvedere, come se non fossero mai abbastanza quelle vedute sulla città. Ti trascino, ormai, affamato, lagnoso, stanco coi piedi che ti fanno male. Ma ti prometto un giro al Cortes Engles, in cima al viale e ti rianimi.
Sei un bimbo che gioca, che sfila tra gli scaffali. Ti lascio andare, a briglia sciolta, fino a quando, stremato ti lasci esausto tra le mie braccia. E ritorniamo a fare l’amore al Phoenix, giusto fuori la fermata del metro.
Due giorni in Lisbona, prima di arrivare ancor di più verso est. Sao Miguel e Terceira. La Sata ci porterà sull’atlantico, tra cielo e mare. Tu sei il mio atlantico, pensando alla pubblicità della compagnia aerea. Tu, solo tu, accanto a me sul seggiolino. Riusciremo a perderci tra i vicoli e i marciapiedi acciottolati di Praia da Vitoria.
Ecco, la felicità.
Ecco, il dolore, ora. In questa Lisbona silenziosa, in questo angolino ricavato tra i tetti del Bairro Alto. Non mi muovo. Sono incapace. Sento dolore nelle cartilagini, scorre lungo i nervi e mi brucia il talamo. Incendia i miei sentimenti. Non so cosa fare. Non c’è nemmeno spazio per buttarsi sulla strada, rischiando di essere tranciato di netto dai tram in legno. Sono immobile, in ginocchio, con le mani sul volto, con il cuore impazzito. Mi sento, nella posa, come Isabella, laggiù nella baia, immobile il suo respiro, genuflessa, aspettando il ritorno del suo amato.
E scappo.
Ormai non ci sei più, sparito, l’atlantico fa paura. Mi addormento vicinissimo al mare, tra la rena e le rocce spigolose, con le onde gigantesche, nella speranza che mi portino via.
Tanto, Lisbona non risponde, non fa nulla, non restituisce niente.
E i ricordi sono dolori, come questa roccia che graffia e fa sanguinare il cuore.

Love me Again – John Newman

Know I’ve done wrong, left your heart torn
Is that what devils do?
Took you so long, where only fools gone
I shook the angel in you!
Now I’m rising from the crowd
Rising up to you!
Feel with all the strength I found
There’s nothing I can’t do!

Chorus:
I need to know now, know now
Can you love me again?
I need to know now, know now
Can you love me again?
I need to know now, know now
Can you love me again?
I need to know now, know now
Can you love me again?
I need to know now, know now
Can you love me again?

It’s unforgivable,
I stole and burnt your soul
Is that what demons do, hey?
They rule the worst in me
Destroy everything,
They blame on angels like you, hey!
Now I’m rising from the crowd
Rising up to you!
Filled with all the strength I found
There’s nothing I can’t do!

Chorus:
I need to know now, know now
Can you love me again?
I need to know now, know now
Can you love me again?
I need to know now, know now
Can you love me again?
I need to know now, know now
Can you love me again?
I need to know now, know now
Can you love me again?
Uh, uh, uh, uh!
Oh, oh!

Told you once again,
Do this again, do this again, oh!
I told you once again,
Do this again, do this again, oh, oh!

Chorus:
I need to know now, know now
Can you love me again?
I need to know now, know now
Can you love me again?
I need to know now, know now
Can you love me again?
I need to know now, know now
Can you love me again?
I need to know now, know now
Can you love me again?


Know I’ve done wrong,
I left your heart torn
Is that what devils do?
Took you so low,
Where only fools go
I shook the angel in you
Now I’m rising from the ground
Rising up to you
Filled with all the strength I found
There’s nothing I can’t do!
I need to know now
Know now, can you love me again?
I need to know now
Know now, can you love me again?
I need to know now
Know now, can you love me again?
I need to know now
Know now, can you love me again?
Can you love me again?
It’s unforgivable,
I stole and burnt your soul
Is that what demons do?
They rule the worst of me
Destroy everything,
They bring down angels like you
Now I’m rising from the ground
Rising up to you
Filled with all the strength I found
There’s nothing I can’t do!
I need to know now
Know now, can you love me again?
I need to know now
Know now, can you love me again?
Can you love me again?
I told you once again,
Do this again
Do this again oh lord
I told you once again,
Do this again
Do this again oh no
I need to know now
Know now, can you love me again?
I need to know now
Know now, can you love me again?
I need to know now
Know now, can you love me again?
Can you love me again?
Can you love me again oh no
Can you love me again?

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